LINHA – Resultados da Consulta de Jovens
LINHA – PARTICIPAÇÃO JUVENIL EM COMUNIDADES LOCAIS
Objetivos do Programa
O projeto “LINHA – Participação Juvenil em Comunidades Locais” surge da necessidade de promover e fomentar uma participação significativa dos e das jovens na vida cívica e democrática das suas comunidades, na cidade de Agualva – Cacém, em Sintra.
Pretende fazer com que a voz da juventude tenha espaço para ser ouvida, potenciando a capacidade que dos e das jovens em influenciar e contribuir para as suas comunidades, através de iniciativas de desenvolvimento de competências, sensibilização e consulta.A sua ação visa suscitar o diálogo entre jovens e decisores políticos, tendo em vista contribuir para o desenvolvimento de políticas de juventude.
Brochura - LINHA
Resultado do Projeto Linha - ficheiro PDF
- Fomentar uma participação significativa dos e das jovens na vida cívica e democrática;
- Promover a educação para a cidadania democrática e a participação juvenil utilizando formas de “aprender a participar” com jovens;
- Sensibilizar decisores políticos para as necessidades da população jovem e a importância da tomada de decisão inclusiva e participada;
- Desenvolver trabalho de juventude e oportunidades de educação não formal com o objetivo de promover o desenvolvimento das comunidades;
- Promover a inclusão e participação de jovens marginalizados e sub-representados na política e cargos de tomada de decisão, como jovens imigrantes / descendentes de imigrantes, raparigas e jovens com menos oportunidades;
- Criação de mecanismos e espaços Criação de mecanismos e espaços que incentivem o diálogo entre decisores políticos e jovens informados, fazendo ouvir a sua opinião e influenciando as suas realidades locais; incentivem o diálogo entre decisores políticos e jovens informados, fazendo ouvir a sua voz e influenciando a criação das suas realidades locais;
- Fomentar nos e nas jovens a reflexão sobre a comunidade, as suas necessidades, o pensamento crítico e espírito de iniciativa;
- Promoção da diversidade, participação ativa, da cidadania, dos valores comuns da liberdade, da tolerância, do respeito pelos direitos humanos e democracia.
PROCESSO
Nas várias fases do processo, foram envolvidos 232 jovens em sessões de consulta, capacitação e debate, em torno das principais questões que afetam a juventude e as suas necessidades na cidade de Agualva – Cacém.
A abordagem utilizada foi a Educação Não Formal que é um processo estruturado e participativo de aprendizagem social, tendo por recurso a aprendizagem experiencial, metodologias resultantes de boas práticas e manuais recomendados pela comissão europeia.
Todo o processo pedagógico foi desenvolvido pela equipa técnica da Youth Coop, que ao recorrer a várias técnicas de trabalho, envolveram os e as participantes de uma forma holística e apelativa, potenciando o impacto do projeto no público-alvo através de experiências práticas, da partilha e reflexão entre pares.
Ao longo de 2018 e 2019, a Youth Coop desenvolveu no âmbito do projeto várias ações dentro e fora de escolas secundárias da cidade de Agualva – Cacém, onde jovens foram desafiados a pensar e refletir, individualmente e em grupo, sobre as necessidades que identificavam para as suas comunidades e para a área da juventude.
As sessões foram desenvolvidas de uma forma estruturada e apelativa, recorrendo a dinâmicas de grupo, role play e abordagens que fomentaram a participação e envolvimento dos jovens nas ações, através da criação de um “espaço seguro” e pela utilização de um formato de sala de aula diferente do que habitualmente se associa á educação formal.
A ligação com a realidade e as experiências do dia-a-dia dos e das jovens foram temáticas que surgiram naturalmente durante as várias fases do projeto, levando por vezes a debates bastante participados sobre questões relacionadas com a tolerância, cidadania, funcionamento da escola, bullying, entreajuda e participação na sociedade.
Ao longo do projeto, exploramos com os grupos de jovens, vários conceitos da sua realidade como a democracia, as organizações que trabalham em prol da comunidade, o funcionamento e objetivos de órgãos de gestão local – como uma junta de freguesia e a câmara municipal – desmistificando alguns preconceitos associados à política.
Este conhecimento, serviu em grande parte para fortalecer a visão que as e os participantes tinham sobre o seu papel na sociedade, refletindo sobre como poderão participar mais ativamente e o porquê de fazê-lo.
O maior desafio
Alguns participantes apresentaram dificuldades quando foram desafiados a refletir e pensar sobre a sua cidade e necessidades – o que gostariam de ter? o que falta na vossa cidade? o que pode ser melhorado? que ações gostariam de participar? – revelando a necessidade do reforço de ações que fomentem um maior pensamento critico, pro-atividade e ligação à comunidade de jovens dentro e fora do contexto escolar.
Resultados
Através das várias atividades de consulta realizadas, conseguimos apurar algumas das necessidades das e dos jovens envolvidos no projeto, sendo que as opiniões individuais e de grupo foram divididas em várias áreas:
1. PROTEÇÃO AMBIENTAL
Foi a área que revelou um maior interesse por parte dos e das participantes (19%) que em grande parte referiram que gostariam que existissem mais áreas verdes nas urbanizações e que fossem promovidas mais ações de proteção, limpeza e reflorestação ambiental.
Destacou-se também proteção e recolha de bens para animais de rua teve um grande destaque bem como a promoção de hábitos sustentáveis de reciclagem, utilização de fontes de energia renováveis e a utilização de ciclovias.
2. ATIVIDADE DESPORTIVA
A segunda área mais referida (14%) reforça o interesse e necessidade das e dos jovens em participar e utilizar espaços que permitam a atividade desportiva. A maior parte das contribuições revelou o interesse na promoção da construção de espaços de prática desportiva, tendo como maior foco a prática de futebol, mas mencionando a prática de voleibol e basketball, bem como desportos considerados radicais como o caso do skate e escalada.
A dinamização de torneios e grupos de prática desportiva foi o segundo foco mais referido.
3. EXPERIMENTAÇÃO
De seguida (12%), foram mencionadas várias atividades de experimentação, com o objetivo de desenvolver workshops de iniciação e prática culturais. Das várias iniciativas, o desenvolvimento e mostra de atividades de teatro, dança e música, foram os que tiveram um maior destaque, surgindo também o interesse pelos clubes de leitura e poesia. A promoção de eventos de partilha cultural para jovens, onde possam mostrar os seus talentos, foi referido várias vezes, bem como atividades de sensibilização na área da sexualidade.
Na generalidade, foi mencionada a necessidade de uma maior promoção de atividades na cidade.
Esta área recebeu contribuições (10%) nos mais variados sectores da área social, revelando interesse na promoção de atividades de apoio social, para crianças (bem como casas de acolhimento), atividades intergeracionais entre jovens e séniors, apoio a pessoas em situação de sem abrigo e pessoas portadoras de deficiência.
Vários participantes (8%) revelaram vontade em integrar diversas atividades de participação e cidadania, mencionando dificuldade em encontrar este tipo de oportunidades. A participação em atividades de voluntariado em diversas áreas, a angariação de fundos e bens para organizações de caridade e também o reforço de atividades de capacitação e formação nas áreas do associativismo e participação juvenil.
Com uma menor percentagem (7%) surgiram as duas áreas de Convívio e Lazer e Espaço de Apoio Jovem, indicando a necessidade da promoção de iniciativas de ocupação saudável dos tempos livres de jovens, como atividades de jogos, colónias de férias, bem como um espaço de apoio e convívio onde os jovens possam esclarecer dúvidas e ter espaço para estar com os amigos.
De seguida surge a necessidade de investir na melhoria do espaço público (5%) e o reforço da segurança pública (4%). Nestas duas áreas foram mencionadas necessidades na requalificação de arruamentos, passeios e modernização dos edifícios. O reforço da segurança pública em espaços como a estação ferroviária e rua foi mencionada por vários jovens.
Logo, surge a melhoria dos recintos e equipamentos escolares (4%). Por último, em Outros (10%) surgiram opiniões diversas sobre necessidades ligadas ao aumento da diversificação da oferta de estabelecimentos comerciais na cidade e diversidade de ofertas formativas.
NOTAS FINAIS
Em grande parte, este resultado reforça a ligação que a juventude tem demonstrado um pouco por todo o mundo em movimentos contra as alterações climáticas nos últimos anos, como é o caso do #Fridaysforfuture e a Greve Climática Estudantil, reforçando a necessidade de intervenção, a nível local e internacional através de ações como o recentemente aprovado “Green Deal” da União Europeia e a COP25: Climate Talks da ONU.
A atividade desportiva revela-se um grande interesse para os e as jovens, como meio de socialização e como forma de promover estilos de vida saudáveis.
Também revelam um grande interesse na obtenção de novas experiências culturais e artísticas, como o teatro e dança, tem um grande interesse para os e as jovens, que veem nelas uma forma de desenvolverem competências, bem como explorar novas áreas.
Na generalidade das necessidades, reforça-se a importância da promoção de uma ocupação saudável dos tempos livres dos e das jovens, com atividades e iniciativas que permitam o seu desenvolvimento enquanto pessoas, a integração na comunidade e a obtenção de experiências que sejam benéficas para o seu futuro.
Quando os e as jovens mencionam necessidades que julgamos estarem já colmatadas (por exemplo, quando é mencionado que deveria haver um espaço desportivo, já existindo um espaço dedicado à essa prática na zona), é necessária uma reflexão ativa sobre a razão de o/a jovem ter essa necessidade e identificar que barreiras existem à participação – será necessário mais informação? sabem para que serve? a sua utilização será segura? será acessível e convidativa? Etc.
A participação dos e das jovens não depende somente da existência de atividades ou espaços, mas também deverá ter-se em conta a Oportunidade, Meios, Espaços, Direito e Apoio para a participação dos e das jovens.
“A abordagem OMEDA (…) baseia-se no princípio de que a participação significativa dos e das jovens só pode ocorrer quando as condições certas tiverem sido criadas e todas as partes envolvidas no trabalho participativo tiverem a responsabilidae para garantir que estas condições estão presentes.” (Fonte: Carta europeia revista da participação dos e das jovens na vida local e regional da Comissão Europeia)
Trabalho de Juventude
Tendo em conta a missão e objeto social da Youth Coop, não podemos deixar de referir que a maior parte das necessidades indicadas neste projeto, se enquadram na definição de Trabalho de Juventude da Comissão Europeia, reforçando a necessidade de ampliar a ação local e regional nesta área.
“O trabalho de juventude é importante porque, em conjunto com políticas governamentais eficazes, é inestimável para garantir que os e as jovens tenham a oportunidade de adquirir os conhecimentos, competências e atitudes que precisam para o envolvimento cívico e ação social.
Quando as políticas governamentais certas estão em vigor, os jovens são apoiados para chegar ao seu total potencial como membros autônomos da sociedade, o que por sua vez lhes permite desenvolver planos de vida e desfrutar plenamente de sua cidadania democrática.”
– Recomendação do conselho da europa para os estados membros, tradução livre.
O Trabalho de Juventude (Youth Work) engloba iniciativas sociais, culturais, educacionais, desportivas e políticas levadas a cabo com jovens e para jovens que ocorrem no domínio da educação “fora da escola”, geralmente referida como aprendizagem não formal e informal. Ajuda a que os e as jovens cheguem ao seu total potencial e encoraja desenvolvimento pessoal, autonomia, espírito de iniciativa e participação na sociedade.
De forma a promover uma maior sensibilização e diálogo com as e os decisores políticos na área da juventude, estes resultados foram partilhados com as várias partes interessadas, suscitando o debate e tendo em vista contribuir para o desenvolvimento de políticas de juventude locais.
Este projeto é uma iniciativa da Youth Coop – Cooperativa para o Desenvolvimento e Cidadania e financiado pelo Programa Erasmus + da união europeia no âmbito da Ação Chave 3 – Apoio à reforma das políticas.